HISTÓRIA & LITERATURA
Angola e a luta anticolonial
RACISMO
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As Aventuras de Ngunga
Mesmo não tendo grande destaque em seu enredo, o racismo aparece em As Aventuras de Ngunga quando do contato de seu protagonista com membros do exército colonialista, num dos momentos mais tensos durante sua trajetória, no momento em que foi preso pelos soldados inimigos. O trecho a seguir mostra o instante em que Ngunga se depara com um português branco e faz uma breve reflexão a respeito dessa situação.
Ao fim de dois dias, vieram buscar Ngunga. Levaram-no à presença do agente da PIDE. Este era um branco magro e baixo. Ngunga nunca tinha visto um branco. Só vira um mestiço num grupo de camaradas que passaram no seu kimbo, a caminho do Bié. « Afinal não metia medo nenhum», pensou ele, « só que é branco.»
– Este é que é o Ngunga? Um bandido tão pequeno! Foste tu que disparaste sobre os soldados, não é?
Traduziram a fala do branco para mbunda. Ngunga disse que sim com a cabeça. Quis dizer: « e matei dois» , mas calou-se. Não sabia explicar porquê, mas achou melhor não falar nisso. (PEPETELA, 1981, p. 37)
Sugestão de atividade
Sendo Ngunga um garoto angolano negro, utilize a leitura do romance para debater com os alunos a questão do racismo articulado à exploração colonial, lançando mão de pequenos textos historiográficos em articulação com o texto literário, mostrando como a empresa colonial se utilizou de artifícios repugnantes como as teorias de superioridade racial para justificar o domínio sobre outras regiões, conforme ocorreu em Angola.
Referências
PEPETELA. As Aventuras de Ngunga. São Paulo: Ática, 1981.