Luandino Vieira escreveu Luuanda e Nosso Musseque no início da década de 1960, quando estava na cadeia, preso pela PIDE* por suas ligações com o MPLA.

 

Luuanda é um livro composto por três contos que mostram

situações ocorridas em bairros da periferia de Luanda*, os

chamados musseques. Em todos os contos, os personagens

principais são moradores dos musseques, pessoas pobres,

trabalhadoras, que sofrem com uma administração colonial

racista e opressora. Problemas como a fome, o desemprego e a

violência policial formam o cenário das histórias contadas por

Luandino Vieira nessa obra.

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O resumo do livro (módulo VI) traz mais alguns detalhes a

respeito dos contos de Luuanda. O professor de história de sua

turma certamente vai conversar com vocês sobre os

aspectos mais importantes dessa obra, preparando-os para a

leitura dos contos e as propostas de atividade.

 

Em termos gerais, o primeiro conto o primeiro, chamado Vavó Xíxi e seu neto Zeca Santos, fala sobre os problemas na vida de um rapaz desempregado (Zeca Santos) e sua avó, que sofrem com a falta de dinheiro pra se sustentarem e a fome, mostrando o descaso do governo colonial com o povo da periferia. Zeca, um jovem negro pobre, é cobrado por sua avó a arranjar um emprego, porém enfrenta muitas dificuldades pra receber alguma oportunidade de trabalho, e além de sofrer com essa situação, ele ainda tenta conquistar o coração de uma moça por quem se diz apaixonado, sem sucesso.

 

O segundo conto, Estória do ladrão e do papagaio, fala sobre como ocorreu a prisão de um ladrão de patos, começando a história a partir do momento em que ele foi preso pela polícia; trata também da prisão de Garrido, ladrão do papagaio Jacó, porém dessa vez contando toda a história que motivou o homem a cometer esse furto. As histórias vão se juntando depois, com muitas pitadas de humor, como você poderá conferir na leitura do livro.

 

O último conto, Estória da galinha e do ovo, trata da briga entre duas vizinhas pela posse de um ovo. O motivo da briga é o seguinte: a galinha pertence a Zefa, porém ela colocou um ovo no quintal de Bina. Portanto, imediatamente começa a confusão entre as duas pra decidir a quem pertence o ovo, num conflito que acaba envolvendo muitos moradores da vizinhança.

 

Todos os contos mostram em diversas situações o sofrimento do povo pobre, em grande maioria negros, dos bairros populares da capital angolana. Ao mesmo tempo você poderá observar como essas pessoas se organizam para, de diferentes formas, lutar contra os males causados pela administração colonial. O autor utiliza muitas palavras em kimbundo*, um dos idiomas locais falados em Luanda, e você poderá conferir o significado dessas palavras e expressões no glossário (módulo X) aqui mesmo nesse site.

 

O livro seguinte do Luandino Vieira trata-se de um

romance, chamado Nosso Musseque. Tal qual em

Luuanda, o enredo dessa obra também se passa na

capital do país, e pelo próprio título você pode

observar que o local retratado é a periferia da

cidade. No caso de Nosso Musseque, o enredo se desenvolve a partir da trajetória de um grupo de amigos, desde a infância, em seu bairro de origem.

 

Este romance é dividido em três capítulos, de acordo com os eventos mais importantes de cada etapa relatada, conforme maiores detalhes no resumo da obra (módulo VII). O narrador principal, que fazia parte da turma de amigos do musseque, reúne e organiza a sequência dos relatos, e em diversos momentos apresenta também a visão de seus colegas, através de suas próprias narrações.

 

A trama mostra situações engraçadas, principalmente quando trata da infância da turminha, e também mostra os problemas enfrentados pelos personagens desde cedo, como o racismo, os despejos de moradores e suas famílias e a desigualdade social. São diversos casos que, de alguma forma se conectam e no final do romance ajudam a gerar uma consciência coletiva de união entre os moradores, pessoas pobres exploradas pelo regime colonial, num cenário de enfrentamento e resistência contra a violência policial.

 

Na leitura do romance, você poderá notar um ambiente que ajudou na formação dos grupos de luta pela independência de Angola. Fique atento às exposições e debates promovidos pelo professor de história sobre esse tema, pergunte e converse com ele e com os colegas a respeito do contexto de formação dos movimentos anticoloniais angolanos, que certamente o ajudarão a entender ainda melhor essa etapa da história do país através da leitura desse livro do Luandino Vieira.